20 de maio de 2012

ALMOÇO DA BADANA


A banda filarmónica é um elemento essencial na festa. Elas alimentam-se mutuamente. A banda está presente na alvorada, na arruada, na procissão, na missa e, muitas vezes, encerra a festa. As bandas já se tornaram um objeto de estudo para historiadores, musicólogos e antropólogos. E muitas delas editam a sua própria história, como é o caso da Filarmónica Idanhense – 122 anos ao serviço da música, a que me refiro hoje, atraída por um título e algumas fotos, da página 27 – O Almoço da Badana. Foi o epíteto do almoço que me chamou a atenção – badana! Trata-se de um convívio entre músicos que se faz (fazia?) anualmente, para o qual um proprietário da região, José Leal Coutinho, oferecia uma badana! Consultados os dicionários, fico a saber que se trata de uma ovelha velha, já sem possibilidade de procriar. Até aqui só conhecia a badana dos livros e as badanas de bacalhau. No entanto, o Dicionário Etimológico refere que se trata de um termo de origem árabe, que significa “forro de vestuário”. Então como terá a badana percorrido este caminho, desde o significado que tinha à partida – forro de vestuário - até ovelha velha e magra?
Talvez o forro fosse quase qualquer coisa de menos importante, por ser usado a forrar, sem ser visto. Talvez tenha sido uma questão de hierarquia – o forro, menos importante do que o tecido de fora, passou a ser desconsiderado, chegando mesmo a significar, Zé-Ninguém, parvo, pacóvio. Ora como o forro podia ser feito com lã de ovelha, passou a associar-se a falta de mérito e de qualidade do forro, à própria ovelha, por comparação. Terá sido este o processo de construção de um novo significado da palavra badana que aparece atestada no século XVI? Foi um percurso de 4 séculos.

17 de maio de 2012

Selo de salomão e o primeiro de maio

Durante um passeio de Primavera organizado para fruir a Natureza e conhecer plantas e flores e árvores, conheci uma flor com o intrigante nome de selo de Salomão  e, procurando saber mais, deparei-me com uma informação interessante:

A origem do nome selo-de-salomão dever-se-á à forma de carimbo arredondado com umas estruturas finas que fazem lembrar caracteres hebraicos, as quais podem ser observadas no Outono – altura em que a parte aérea da planta seca – quando se puxam as hastes na zona em que estas se ligam ao rizoma.

Por sua vez, a sabedoria popular diz que o Rei Salomão colocou o seu selo nesta planta quando reconheceu o seu grande valor medicinal e protetor. Muitas culturas atribuem características quase mágicas a esta planta. Efetivamente, o selo-de-salomão foi utilizado durante centenas de anos como planta medicinal com uma grande diversidade de aplicações, tais como contusões, diabetes, ferimentos, hemorroidas, inflamações, nevralgia, cardiotónico, diurético ou sedativo.

Os antigos romanos, no primeiro dia de Maio, queimavam olíbano[1] e selo-de-salomão e penduravam grinaldas de flores diante dos seus altares em honra aos espíritos guardiães que olhavam e protegiam as suas famílias e as suas casas.

Dizia-se que as bruxas queimavam o selo-de-salomão nas suas fogueiras como proteção.
Na medicina popular, a infusão do seu rizoma é utilizada como diurético e estimulante do metabolismo; a maceração dos seus rizomas em álcool pode ser utilizada para aliviar dores reumáticas (utilização tópica).
Retirei daqui: http://jornal.quercus.pt/scid/subquercus/defaultarticleViewOne.asp?categorySiteID=377&articleSiteID=2263



[1] OLÍBANO é uma resina aromática muito usada na perfumaria e fabricação de incensos.