20 de janeiro de 2009

Mercearia Pena, vale a pena

Na realidade, este blog não nasceu para falar directamente da sua autora nem dos seus amigos, mas vem agora a propósito referir algo que lhes diz respeito e, dado que se refere à cidade das Caldas e ao papel que os blog's podem ter, aqui vai:
Caldas tem sido notícia, por via do eventual fecho das Faianças Bordalo Pinheiro. Má razão é verdade, mas por isso mesmo, amigos e familiares telefonam a saber se ainda há peças, se vale a pena comprar, se eu tenho comprado, etc, etc. Como não sou coleccionadora nem recolectora nem amante de objectos que dão trabalho a limpar e a arrumar, esquivo-me a essas perguntas dizendo diplomaticamente que estou a acompanhar o processo, etc e tal e que, naturalmente, é bom que venham!
E vêm!
E compram!
E... imaginem só!
Não deixam de ir à Mercearia Pena. Isto tudo, graças ao blog e à qualidade dos produtos PENA!
Aqui fica mais uma foto (de fraca qualidade, é verdade!) para abrir o apetite de todos aqueles que apreciam o comércio de coisas boas.

Vanity

Ainda a propósito de comércio tradicional e das lojas que vale a pena visitar, nas Caldas, aqui ficam algumas fotos da VANITY:




17 de janeiro de 2009

Santo Antão de Óbidos

Este ano, Santo Antão de Óbidos abriu o seu leque protector dos animais, às pequenas avezinhas domésticas. Depois de já ter incluido os cães e gatinhos de estimação nos animais protegidos, passou agora a ter a mesma benevolência para com as aves, simbolizadas neste piriquito, e não noutra, porque este era o único molde que havia no sítio das encomendas de ex-votos de cera.
A organização cedeu aos pedidos dos devotos que têm aves em casa e que, naturalmente, como todos os outros animais, precisam de quem as livre das doenças.

13 de janeiro de 2009

Bongosto nas Caldas

Em frente à Minnilloja fica um vão de escada, uma espécie de arquinha doméstica. É o Bongosto, onde se apanham malhas das meias de vidro, se vendem pinças apropriadas a cada tipo de pêlo, perfumes ao gosto de cada qual e ainda as insignificâncias que davam pelo nome de frivolidades, mas nada comparáveis à cangalhada que enche as prateleiras de lojas de coisas inúteis.
E a senhora, que se queixa já não poder apanhar malhas por falta de quem lhe forneça as agulhas, mantém um role de clientes que diariamente ali deixam dois dedos de conversa rodeadas de frivolidades. O tempo parece não passar por ela. É um prazer vê-la, bonita, de bâton a abrir-lhe o sorriso e a condizer com o colorido das unhas que delicadamente folheiam o livrinho das notas.

12 de janeiro de 2009

Única no Mundo


Única no Mundo é assim que o Sr. Neto define a sua loja. Mesmo com o stock praticamente esgotado, ela merece uma visita e, porque não comprar algo que, por exemplo, não faz vincos e é 100% algodão?



11 de janeiro de 2009

Minnilloja nas Caldas da Rainha




Entrei na loja e perguntei se podia tirar umas fotos. Ele estava a engendrar uma gingajoga para segurar as pernas de uma pequena mesa que teimavam em querer cair.
Que sim, que podia, pois então. Porque não?
E continuou: É pena é que não se possa ver como ela é porque ficou vazia, completamente vazia, vendeu-se tudo, com este frio. tudo. E agora estão todos em balanço e não me mandam mais mercadoria. Ainda agora uma senhora se foi embora sem levar o que queria porque já não tenho. É que não tenho mesmo. Vendeu-se tudo. Mas esta loja é única. Única. Não há igual.
- Pois não.
Falámos, rimos e fui convidada para a festa dos seus 100 anos que há-de ser em S. Martinho do Porto, no mês de Junho de 2023. "Fica já convidada", repetiu. E eu aceitei.

8 de janeiro de 2009

Comércio Tradicional

Questão suscitada pelo comentário do João Serra:
Comprar no coração da cidade das Caldas pode ser tão pouco tradicional como comprar no Vivaci, o Centro Comercial inaugurado em Dezembro.
No fundo, no fundo, esta expressão - comércio tradicional - tem sido usada, não tanto para expressar a longevidade de um determinado comércio, mas antes, as suas especificidades. Daí haver muitas lojas que praticam um comércio inovador, pelos produtos que vendem e pela forma como o fazem, e que preferem instalar-se em zonas das cidades que privilegiam a relação cliente/comerciante. Acontece em Lisboa, no Bairro Alto ou em Campo de Ourique, e aqui mais perto, em Alcobaça, na zona que foi devolvida aos peões, ou mesmo nas Caldas. Veja-se a Vanity ou a charcutaria, ambas no Terreiro das Gralhas.
Na primeira, o atendimento é impecável, agradável e muito íntimo. É uma iniciativa do jovem Elói, criativo e dinâmico. Dá a ver o que de inovador se faz na moda portuguesa e internacional (veja-se foto, em baixo). O cilente é convidado a ver exposições/instalações ou a sentar-se no pátio experior, sem estar sujeito a empurrões e onde sente que é desejado.
Na charcutaria encontra produtos de óptima qualidade, desde pão caseiro, a enchidos, compotas, queijos, frutos secos, e muito mais, mas tudo servido com amabilidade e gentileza. Tanto num, como no outro, somos atendidos pelos próprios donos ou por pessoas que lhes são muito próximas, normalmente, familiares.
A vantagem deste tipo de comércio, para mim, é a empatia que naturalmente surge entre quem está do lado de lá e do lado de cá do balcão, ou mesmo entre clientes. E mais ainda, é o cliente sentir que é desejado, que é conhecido e reconhecido, quando a senhora lhe diz que afinal já tem o produto que prefere ou quando lhe sugere outro produto que substitui o que procura. Ou, quando as coisas correm mal, é óptimo poder reclamar directamente, sem ter que preencher papéis, e ser de imediato atendido. Há excepções... lembro-me de uma tradicionalíssima loja de rendas, malhas, agulhas, retroses, nastros e tecidos... Meu Deus! a antipatia do dono era a marca da casa... mas já toda a gente sabia que era assim... menos eu! quando lá entrei pela primeira vez, há uns 20 anos!
Também na Bertrand do Vivaci poderemos ser muito bem atendidos, poderão respeitar as nossas preferências, poderão ser amáveis, mas faltará qualquer coisa para que se lhe possa chamar "comércio tradicional". Talvez falte o rosto que ainda tem os traços daquele que foi o iniciador da saga.
Portanto, ser tradicinal, a meu ver, nesta coisa do comércio, é criar laços.

1 de janeiro de 2009

Mercearia Pena

PARABÉNS à Mercearia Pena, pelos seus 100 anos.
Quando cheguei às Caldas esta mercearia tinha à porta uns bidões de línguas e caras de bacalhau salgadas e um outro com atum em salmoura. Emanava um cheiro característico de uma mercearia semelhante à que conhecia, em Ourém, do Manuel Cartucho (porque passava o tempo a fazer cartuchos..) que trazia na minha memória. Cheirava também a café ou a cevada. Recordo-me de um moço de recados, já pouco moço, de lentes muito grossas que andava pela cidade, a puxar um pequeno carrinho de duas (ou três rodas... mas não de 4, seguramente), com encomendas, com sacos de bacalhau e coisas semelhantes. Sempre o associei à Mercearia Pena porque era de lá que o via sair, com o seu apetrecho.
Mas eu, apesar de ficar sempre tipo "lèche vitrine", agarrada às montras, fascinada com os merceeiros, e seduzida pelas máquinas de café de balão, nunca fui cliente assídua.
Só a partir de Maio deste ano, já depois da sua remodelação, e depois do fecho da "minha" mercearia - A Linda -, é que me tornei cliente.
Embora já lá entre com muito à-vontade, sinto que ainda não faço parte daqueles clientes que se sentam numa cadeirinha e desfiam o rol das compras, daqueles que a empregada, muito simpaticamente ajuda a transportar os sacos, enfim, daqueles que ouvem de imediato um cumprimento à entrada: "Bom dia, Sr. Fulano, então como vai a D. Sicrana?" ou daqueles que basta espreitarem à porta, para de imediato saberem se já chegou o chá preferido ou as alheiras de caça, ou o tal bacalhau. Percebem?
Mas o cuidado com que me atendem é o mesmo. Simpatia. Delicadeza. Vontade de ajudar e sugerir outras hipóteses de compra. “Deseja um bom chá? Temos muitos. Deliciosos. Quer ver?” Ah! E a gente mesmo que tenha a caixa dos chás cheia, não pode sair sem mais um!
É lá que encontro uma panóplia de alimentos de óptima qualidade e alguns, quase raros, como os chícharos (lá, escrito com x's), prato de Inverno a não perder! É lá que estão as boas bolachinhas para o chá e bons queijos e boa charcutaria.
Fica um desejo, que nem o Vivaci, nem os Belmiros nem Companhia encharquem demasiado a cidade com super's de grandes superfícies que afoguem a MERCEARIA PENA.