30 de setembro de 2011

BOMBONDRICES - Coisa Boa!

Coisa boa é ver como há pessoas de garra, capazes de desafiar o podre poder  instituído, lançando mãos à obra e, neste caso, dando-nos coisas doces. O exemplo da Teresa Serrenho  (par mim, a Teresinha) que O JORNAL DAS CALDAS noticia, na sua edição de 7 de Setembro, não pode passar em claro. A empresa que gere e que ela desenvolve é a prova provada que há lugar para o empreendorismo e para a inovação, tendo em conta as regras e os conselhos que ela própria dá, neste artigo. À volta do chocolate e das coisas doces, a Teresinha, juntamente com os pais, também eles empreendedores, criou o bolo real, ao qual pretende dar visibilidade como um produto regional e, porque não?, vir a tornar-se num produto identitário.
                                     
                                                            FOTO de JORNAL DAS CALDAS
Veja-se uma das suas declarações ao Jornal das Caldas: “A Bombondrice está num bom momento. Estamos a crescer e por isso tenciono colocar mais dois colaboradores. Dez por cento da produção é exportada e só não é mais por não termos capacidade de resposta”.
Congratulo-me mais ainda por a Teresinha ser filha de amigos muito próximos e de a ter visto crescer juntamente com as minhas filhas.
Parabéns, pois, por mais uma coisa boa com que nos podemos deliciar.

28 de setembro de 2011

O Bairro Azul está de luto

Hoje, 28 de Setembro, o Bairro Azul saiu à rua, em massa. Foi a maior manifestação colectiva que alguma vez vi, neste bairro. Não foi necessário nem SMS, nem recorrer à internet para que nos encontrássemos todos, a pouco mais de 10 quilómetros daqui, na Foz do Arelho, junto à última morada do homem que, à esquina do nosso bairro, nos franqueava a porta – O Senhor Luís do Quiosque!  Em frente ao féretro, olhando-o, sussurrávamos  o que  nos passava pela cabeça a todos   Vamos sentir a sua falta; Vai fazer-nos tanta falta. E a saudade já a habitar em cada um de nós...
Pelo meu lado, sinto que ainda não tenho bem clara a distinção entre o meu bairro e o Senhor Luís porque o Senhor Luís era o meu bairro. Ele abria o bairro quando abria o quiosque. Ele dava as primeiras notícias e comentava-as. Ele guardava-me o saco das compras enquanto eu ia tomar um café. Ele emprestava-me uma ou outra revista para acompanhar o café. Ele recebia os recados e encomendas que os meus amigos deixavam. Ele ensinou-me a ler o tempo, olhando para o torniquete que rodava no telhado dos silos e até conseguia dizer como estavam as nuvens da Foz e se os ventos eram propícios à pesca. Tudo isto tranquilamente, referindo sempre a suas experiências de África e terminando com bonomia.
Ele era o meu assinaleiro – assinalava o mais importante de cada dia que passava e eu nunca passava sem um aceno. Era também assim com o meu marido, enquanto viveu para diariamente lhe comprar o jornal e tabaco e conversar um pouco antes de entrar, no seu escritório, na porta mesmo em frente ao Senhor Luís.
Era também assim com as minhas filhas para quem, vir às Caldas era vir ver o Sr. Luís e a D. Natália.
Espantava-me sempre a sua curiosidade por tudo. Se um de nós partia em viagem, ele lá ia procurar no mapa, o sítio do nosso destino e, de regresso, ao entrar pela porta da esquina onde está o quiosque, o Senhor Luís falava-nos desse lugar, como se lá tivesse estado.
Nem consigo imaginar que ao passar no quiosque, só encontrarei a D. Natália dedicada aos jornais e às revistas, sem ter de se ocupar do Senhor Luís. Quando amanhã, comprar o  meu jornal, ele saber-me-á a pouco. Quero ter coragem para não desistir de comprar o meu jornal. É que o meu quiosque já não é o mesmo e o meu jornal tem menos sabor porque já não é o Senhor Luís que olhará para a primeira página e perguntará, quanto é hoje?
Obrigada por ter dado tanta vida ao meu bairro, Sr. Luís.