8 de janeiro de 2009

Comércio Tradicional

Questão suscitada pelo comentário do João Serra:
Comprar no coração da cidade das Caldas pode ser tão pouco tradicional como comprar no Vivaci, o Centro Comercial inaugurado em Dezembro.
No fundo, no fundo, esta expressão - comércio tradicional - tem sido usada, não tanto para expressar a longevidade de um determinado comércio, mas antes, as suas especificidades. Daí haver muitas lojas que praticam um comércio inovador, pelos produtos que vendem e pela forma como o fazem, e que preferem instalar-se em zonas das cidades que privilegiam a relação cliente/comerciante. Acontece em Lisboa, no Bairro Alto ou em Campo de Ourique, e aqui mais perto, em Alcobaça, na zona que foi devolvida aos peões, ou mesmo nas Caldas. Veja-se a Vanity ou a charcutaria, ambas no Terreiro das Gralhas.
Na primeira, o atendimento é impecável, agradável e muito íntimo. É uma iniciativa do jovem Elói, criativo e dinâmico. Dá a ver o que de inovador se faz na moda portuguesa e internacional (veja-se foto, em baixo). O cilente é convidado a ver exposições/instalações ou a sentar-se no pátio experior, sem estar sujeito a empurrões e onde sente que é desejado.
Na charcutaria encontra produtos de óptima qualidade, desde pão caseiro, a enchidos, compotas, queijos, frutos secos, e muito mais, mas tudo servido com amabilidade e gentileza. Tanto num, como no outro, somos atendidos pelos próprios donos ou por pessoas que lhes são muito próximas, normalmente, familiares.
A vantagem deste tipo de comércio, para mim, é a empatia que naturalmente surge entre quem está do lado de lá e do lado de cá do balcão, ou mesmo entre clientes. E mais ainda, é o cliente sentir que é desejado, que é conhecido e reconhecido, quando a senhora lhe diz que afinal já tem o produto que prefere ou quando lhe sugere outro produto que substitui o que procura. Ou, quando as coisas correm mal, é óptimo poder reclamar directamente, sem ter que preencher papéis, e ser de imediato atendido. Há excepções... lembro-me de uma tradicionalíssima loja de rendas, malhas, agulhas, retroses, nastros e tecidos... Meu Deus! a antipatia do dono era a marca da casa... mas já toda a gente sabia que era assim... menos eu! quando lá entrei pela primeira vez, há uns 20 anos!
Também na Bertrand do Vivaci poderemos ser muito bem atendidos, poderão respeitar as nossas preferências, poderão ser amáveis, mas faltará qualquer coisa para que se lhe possa chamar "comércio tradicional". Talvez falte o rosto que ainda tem os traços daquele que foi o iniciador da saga.
Portanto, ser tradicinal, a meu ver, nesta coisa do comércio, é criar laços.

1 comentário:

Luis Eme disse...

concordo contigo Teresa.

é falarmos ou escutarmos palavras que nos soam de uma forma familiar... sentirmos que estamos a falar com pessoas e não com "autómatos" que só querem vender a sua mercadoria...