30 de junho de 2011

"SOU DE PENICHE" V Convenção

Foi o tema das rendas de bilros que me levou à V Convenção Sou de Peniche. Interessa-me conhecer os planos de salvaguarda existentes para os saberes, para os saber-fazer e, se possível, interferir nestes processos. As rendas de bilros desempenharam um papel importante na economia doméstica dos Penichenses. As crianças aprendiam muito cedo a fazer dançar os bilros e seguiam aulas em escolas propositadamente abertas para o efeito, como a Casa de Trabalho das Filhas dos Pescadores. Hoje, muitas mais crianças vão à escola, mas não estão sujeitas a tal aprendizagem e as rendas já não recheiam os bragais, como antigamente. Mas as rendas fazem parte da História de Peniche e das estórias das pessoas que as faziam, que as vendiam e que as ensinavam a fazer. São um elemento identitário a preservar, procurando-lhes outras funções e, provavelmente, revitalizando-as.

Porém, a comunicação Rendas de Bilros: Estratégias para a afirmação de uma forma genuína de artesanato apenas nos trouxe números, números e actividades desenvolvidas pela Câmara, sem nos dar resultados daí advindos e sem objectivos que um estudo local deve ter para poder vir a definir estratégias. Por exemplo, diz-se que existem 380 rendilheiras, mas que estatuto têm estas rendilheiras para serem consideradas como tal? Sabem fazer ou fazem rendas, efectivamente? Se sim, a produção é enorme. Como se escoa? O que resulta das viagens e dos inúmeros contactos que a Câmara tem com outras comunidades que se dedicam à feitura deste tipo de rendas?

E mais, um extracto de um programa de televisão (Portugal em Directo) onde se falava das rendas de bilros de Peniche e uma revista de moda (Vestir)que as noticiava  foram apresentados como exemplos de difusão e divulgação das rendas. Então e o livro AMAR PENICHE, da autoria de Ida Guilherme, publicado em 2010? Não será este o resultado de um enorme esforço de divulgação que esta rendilheira tem feito? Pelo menos, reconhecer o seu trabalho, seria o mínimo que competia ao comunicador.

29 de junho de 2011

Teatro Imediato na Prisão

A prisão é um lugar particular. Muito particular. Tudo parece altamente vigiado, mas todos aprendem a escapar  a essa vigilância.
Os que visitam os reclusos têm um tratamento, como se fossem suspeitos. Tratam-nos com indelicadeza, sem um "obrigada" ou um "faz favor". Acentuam permanentemente "não pode isto... não pode aquilo" e berram-lhes ordens absolutamente indiscutiveis.
Lá dentro deve ser semelhante, mas há coisas que alguns reclusos apreciam e aproveitam, como a passagem do Teatro Imediato pela prisão. Respiraram mais fundo e até parece que o ar se tornou mais leve.                     

28 de junho de 2011

Maratona - Restaurante nas Caldas

Ter um restaurante, nas Caldas da Rainha, como o MARATONA é um privilégio. Dizer que se come bem é relativo, dizer que o serviço é eficiente, competente e delicado poderá também ser relativo, mas vale a pena. Agradam-me a inovação, as iniciativas e o empenhamento. Há uns tempos fez, a exemplo de alguns restaurantes europeus, uma modalidade em que o cliente pagava, segundo o que comia, segundo o que a sua consciência lhe ditava. E agora festejou o seu aniversário, animando o parque com uma noite inspirada em Alice no País das Maravilhas, com um programa de encantar e com delíciosas propostas gastronómicas.
                  

6 de junho de 2011

O pão d'Inês


Inês Milagres criou um tipo de pão - o pão sardinha e o pão bacalhau - que foi lançado no  Restaurante Antero, mais conhecido por Pachá, nas Caldas da Rainha, e que está a ter um sucesso extraordinário. A Inês é criativa, gosta de cozinhar e de mexer com as nossas tradições alimentares para lhes acrescentar mais um temperozinho e novos sabores.
Vamos reencontrá-la, em Óbidos, no Junho das Artes. Como food designer, é uma das artistas convidadas e os eu trabalho terá por título Fitológica da Batata.

4 de junho de 2011

Há certas lojas onde apetece não mais voltar

Tem ginja? Perguntou o cliente com pronúncia marcadamente brasileira. Viu-se que sabia ao que vinha. Não hesitou nem olhou as muitas garrafas que existem nesta garrafeira onde também eu me encontrava, na mais movimentada rua de Óbidos, e avançou com a marca da tal desejada ginja. 
Não aprecio ginja. Nem estava ali à procura de ginja, mas a minha presença estava relacionada com esta bebida. Procurava a sua feitora, a menina, agora senhora, que herdou do seu avô o gosto pelas alquimias. Ela não estava. E ainda bem. Não teria gostado de ouvir o comentário do empregado que não tinha a tal ginja que o cliente procurava e que se resume nesta verborreia palavrística: essa é uma ginja que tem o dobro do preço da nossa. 25€! E sabe a xarope. Sabe a remédio. É intragável. 
Podíamos ter ficado por aqui, mas não ficámos. Insurgi-me com o que ouvi e que achei, pelo menos, de mau gosto mas, sobretudo, indelicado e pouco profissional. E deixei esta minha opinião.
Finalmente despedi-me com um certo desejo de ir à garrafeira ao lado, procurar a tal ginja que sabe a remédio.

3 de junho de 2011

Dia da espiga

Há poucos anos ainda, a tarde da quinta-feira da Ascensão era sagrada. Ia-se ao campo buscar a sorte no futuro, bem florido e colorido - papoilas, trigo, oliveira e flores amarelas faziam parte do ramo a que se chama a espiga. Agora, a espiga vende-se nas cidades e satisfaz as necessidades dos citadinos. Caldas da Rainha não é excepção. A praça também se enche de espigas, festejando a Primavera, augúrio de felicidade e abundância. Que assim seja!