25 de junho de 2010

Jano, de Janeiro a Junho

Em Janeiro é Jano que nos abre a porta do ano, olhando com uma face para um lado e com a outra para o outro. Acreditam muitos que ele olha para o passado como algo de irremediável e para a frente, com bom augúrio, dando passagem a tudo o que de bom virá com o novo ano. Foi, a partir do dom da “dupla ciência”, atribuída por Saturno, segundo a mitologia romana, que os homens foram construindo este deus, atribuindo-lhe duas faces e concedendo-lhe o poder de superintender e vigiar todos os lugares de passagem, pois que é só no limiar que se têm os dois lados – um, já passado; o outro, a passar.
Com o tempo e com imaginação ele tornou-se o guardião do ano novo que lhe deve, a ele, o nome do seu primeiro mês. E associou-se também a Junho, a partir da Idade Média, quando se associou Jano a João, a S. João Baptista, filho de Isabel e anunciador da vinda de Jesus à Terra. Construiu-se uma alegoria cristã, segundo a qual João se deixaria ofuscar pela luz do seu primo, Jesus. Ele, sim, a Luz da Vida. Ambos eram comparados ao sol, mas um brilharia mais forte do que o outro. E assim, João, a partir de hoje, até ao solstício de Inverno, irá lentamente perder a sua luz, para a dar a Jesus. E, a partir de Dezembro, Jesus será o Rei. O Sol. A Luz que iluminará os homens de boa vontade.
Feita a comparação e juntando os símbolos do passado pagão aos do cristianismo, desfez-se o sentido da festa solsticial e fez-se a festa cristã.

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