4 de julho de 2010

Dia da Morte da Rainha Santa Isabel

Foi a 4 de Julho que a inesperada morte de Isabel de Aragão, em Estremoz, a impediu de completar a sua missão pacificadora, entre Afonso XI de Castela e D. Afonso IV, respectivamente seus neto e filho.
Coimbra, a cidade onde ela decidiu ficar, celebra-a nesta data, com sumptuosa procissão, dedicando-lhe até o dia da cidade.
A determinação do seu filho em a levar em cortejo, para Coimbra, muito contribuiu para reforçar os laços afectivos que o povo havia já estabelecido e para criar uma auréola mística à sua volta. «Embrulharam-na num pano de lã alinhavado, passaram-lhe uma corda à cintura, e, metendo o esquife num coiro de boi com o pêlo para fora, prepararam-se para a levar debaixo do calor a Coimbra.» Assim termina Vitorino Nemésio a biografia de Isabel de Aragão que, como diz José Mattoso na introdução, «dá largas à imaginação, sem chegar a ser um romance».
Foram sete dias e sete noites de caminhada, debaixo de um calor tórrido e abrasador, ao qual o cadáver se revelou imune, exalando um suave perfume. Este foi o primeiro milagre que se anunciou pelo reino, logo seguido de inúmeras narrativas de outros que tinha a rainha por mediadora entre o Céu e a Terra. O pretexto e justificação para tanta exaltação era a grandiosa obra social que a rainha havia edificado, eram as suas virtudes de caridade, humildade e misericórdia, eram as habilidades diplomáticas que lhe deram o epíteto de pacificadora e de arauto da paz, era a sua condição de peregrina a Santiago de Compostela, condição pouco própria para uma rainha e ainda a generosidade que pontuava os seus dias. O povo, enfim, as pessoas gostam de se ver amadas e acarinhadas e são-no, por quem lhes é mais próximo, em geral, mas sentir que uma rainha lhes beija os pés, é tão excepcional que se torna lenda para poder ser credível. A rainha, na sexta-feira santa lavava ela própria os pés de mulheres leprosas e beijava-lhos. Dava, invariavelmente, esmola aos pobres que se cruzavam no seu caminho e vestia-os. Ela tratou com as próprias mãos o seu marido quando ele agonizava. Ela protagonizou inúmeras acções de caridade e humildade que fascinaram as aias, o confessor e todo o reino. E a longa procissão fúnebre que percorreu os caminhos que mediavam Estremoz e Coimbra, apoderou-se de um número mágico, o sete, para consolo dos mais cépticos.

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