29 de dezembro de 2008
28 de dezembro de 2008
O Menino Jesus na Gracieira
A Gracieira é a única localidade da região que comemora o Natal com a festa do Menino Jesus. Faz-se uma missa e uma pequena procissão. Não há qualquer resquício que nos permita relacionar esta festa com as festividades sosticiais do ciclo natalício. Porém, o Cancioneiro Popular Português atesta a relação da vinda ao mundo de Jesus Cristo, com o ciclo solar, trazendo luz aos Homens:
Ó infante suavíssimo,
Ó meu amado Jesus,
Vinde alumiar minha alma,
Vinde dar ao mundo luz
A localidade não tem ar festivo, nem sequer as ruas estão enfeitadas. Restam as celebrações religiosas, ligadas à igreja. Esta é a imagem que está no altar-mor e que não sai na procissão. Representa o Menino Salvador do Mundo, O Menino Rei.
Esta é a imgem que sai na procissão. Ela está menos vinculada à representação simbólica do poder.
26 de dezembro de 2008
O Inverno natural
23 de dezembro de 2008
Mau augúrio...
Despedi-me com um "Bom Ano", da última visita à loja da fábrica Bordalo Pinheiro e obtive como resposta "isto está muito mal" com um triste olhar escondido no azáfama do embrulhar das prendas.
Logo a seguir veio a notícia, preto no branco, e sensacionalista: a fábrica do Zé Povinho vai fechar. Nem uma encomenda tem para Janeiro.
Foi nessa altura que comecei a pensar num recente acontecimento, passado com umas encomendas e que vou resumir, muito, mas mesmo muito resumidamente.
Uns amigos meus, que só conheceram esta loiça quando lhes ofereci uma peça de Bordalo, são, juntamente com a fábrica, os protagonistas. Diga-se que são ambos estrangeiros e que vivem há uns anos no Alentejo. Diga-se também que, de imediato procuraram na Net informação sobre esta fábrica, daí terem telefonado a pedir que lhes fizesse uma encomenda - simples e trivial. Isto passou-se em Junho/Julho de 2007. Em Setembro vieram cá e fizeram nova encomenda. Mais substancial. Cabeça de javali, lagostas, pratos ostra, taça ostra, santolas, etc, etc.
Passado um ano nenhuma das encomendas estava pronta. Diga-se que a minha passagem pela loja era constante. Acescente-se ainda que a funcionária já não sabia como calar a minha indignação. Muito gentilmente e de uma forma assaz subtil mostrava-me o livro de encomendas, dando-me a entender que eu não era uma excepção. Mas, queria eu lá saber dos outros. Eu queria era dar resposta aos meus amigos que perguntavam com insistência quando poderiam vir buscar as coisas.
Quando percebi que a encomenda só teria seguimento quando, por mero acaso, surgisse outra encomenda à qual valesse a pena responder porque substancial em número, referente à mesma peça (por exemplo, sei lá! 200 cabeças de javali...), aí sim, eu teria a sorte de ver a minha cabeça incluída (salvo seja!), fiquei de cabelos em pé e procurei instâncias superiores. Estavamos em Julho de 2008. Devido à minha insistência e quase súplica, foi-me prometido que a encomenda estaria pronta em tal data e, de facto, dias antes, recebi um telefonema a confirmar.
Dirigi-me à loja para confirmar in loco. Estavamos em Setembro de 2008.
Eles vieram no dia seguinte. Compraram o golfinho mitológico e ainda tiveram coragem para encomendar a enorme concha, tal como a que está à entrada do Casa-Museu. Mas não. Não era possível.
Desiludidos com esta impossibilidade, mas muito contentes com as peças que tinham adquirirdo, nem reclamaram por não lhes terem feito tudo o que haviam encomendado, tanto mais que fomos bem compensados pela disponibilidade da Elsa Rebelo que, competentissima e atenta, fez uma interessante visita ao Museu e forneceu imensas informações sobre as faianças.
No final, percebi que eles tinham a impressão que esta fábrica laborava na clandestinidade. Sendo algo de alta qualidade e tão interessante, porque razão não era dada a conhecer fora desta região? E mesmo aqui, quem não conhece, como pode descobrir que esta loja e esta relíquia existem?Em contrapartida, eles fizeram um trabalho de divulgação.
E eu, agora que ouvi o alarido das notícias, interrogo-me se não valerá a pena insistir com a encomenda da concha. E não posso deixar de pensar no livro de encomendas que vi na loja e que, deduzo eu, terá outras à espera que surja uma que lhes venha a calhar e as inclua. Ou... ficarão a ver navios?
21 de dezembro de 2008
O Natal já começou...
Solstício - dias maiores
20 de dezembro de 2008
Coisa boa (I)

Aos poucos vai saboreando esta COISA BOA, vai-lhe tomando o gosto e deixa-se cativar de tal maneira que nada o arranca do sofá onde se havia recostado a ver as estrelas pintadas no céu. E quando chega o lusco-fusco, quase já não há tempo para usufruir do recreio e dar balanço ao baloiço que nos faz esvoaçar pelos montes e vales dos Casais Brancos e da Navalha e quase chegar aos Casais da Capeleira.
É que está quase a chegar o Inverno. É já amanhã e a Livraria Histórias com Bicho dá-lhe as boas-vindas com um serão de contos ao frio. Sim, ao frio, debaixo do enorme e esplendoroso pinheiro do recreio. Cadeiras há 80, inscrições são 90! Eles bem avisam que já não têm cadeiras, mas as pessoas insistem e inscrevem-se com a condição de trazerem cadeira de casa, tal é o interesse por esta COISA BOA.
18 de dezembro de 2008
Sardões e Passarinhas
Transcrevo um dos seus textos:
(...) A proximidade temporal destas duas romarias, (Nª Sr.ª da Conceição e Santa Luzia), e a sua localização num período de suspensão das actividades laborais, entenda-se, das grandes fainas agrícolas, propiciam o encontro, a troca de afectos, de mensagens, designadamente entre os jovens. Os doces de romarias são iguarias recorrentes nestas festas. A oferta de presentes, sob a forma de doces é um acto de significativa importância, sobretudo entre os jovens em idade de namoro. Oferecem-se doces com formas muito diversas: Dos vários doces que se encontram nestas romarias, os sardões e as passarinhas são os mais procurados. Moldados em farinha de cevada e com cobertura de açúcar, os doces, devidamente acondicionados em caixinhas algodoadas, ou muito simplesmente embrulhados em papel de jornal, conforme a sensibilidade... da carteira, constituíam um precioso presente gerador de muitas energias amorosas. Os rapazes, contam os mais idosos, oferecem doces às raparigas na festa da Senhora da Conceição – os «sardões». Na festa de Santa Luzia faz-se a retribuição da dádiva: as raparigas oferecem um presente equivalente – as «passarinhas». A escolha da forma destes presentes relaciona-se com as superstições e crenças populares sobre os animais: a serpente aparece como aliada das mulheres, e inimiga dos homens, atacando-os quando estão a dormir. O defensor do homem é o lagarto. No imaginário popular a identificação homem-lagarto e serpente-mulher vê-se reproduzida nas histórias de mouros (mouros em forma de lagartos e mouras em forma de serpentes) e na superstições (as mulheres de saias não devem passar por sítios onde estão lagartos porque estes sobem-lhe pelas pernas...).O excesso permitido, a transgressão, o paroxismo social de renovação e purificação, a alternância do tempo real quotidiano e o tempo intemporal são componentes recorrentes de todas as festividades e que nas romarias da Sra. da Conceição e Santa Luzia têm grande expressão.
17 de dezembro de 2008
Sagradas Mudanças
16 de dezembro de 2008
A Fogo, o Sol e Luzia
Santa Luzia na Usseira (Óbidos)
14 de dezembro de 2008
Saturnais, Solstício e Festa
Já na Carta 18, de Cartas a Lucílio, Séneca aludia aos excessos dos festejos:"Estamos em Dezembro: a cidade está coberta de suor! A ostentação desregrada invadiu toda a vida colectiva. Fazem-se estrepitosamente enormes preparativos, como se existisse alguma diferença entre o período das Saturnais e os dias úteis. O facto é que não há qualquer diferença, e por isso mesmo acho que tem toda a razão quem afirma que se Dezembro em tempos foi um mês, agora é um ano inteiro".
13 de dezembro de 2008
Sol, Santa Luzia e Capões


12 de dezembro de 2008
Santo André, a Água e o Azeite. E Vénus

Não faltam as feiras de Santo André, também elas, junto à água, como a de Mesão Frio, de frente para o Douro.
Como este santo era pescador, na Galileia, passou a ser associado também a quem anda e trabalha no mar, nos rios ou nas lagoas. Curiosamente é este mesmo atributo que o faz estar ligado à expressão mar de azeite, que pretende enunciar um mar calmo, calmíssimo. E como é que ele passa da água, para o azeite, elementos que jamais se misturam e confundem? Precisamente porque dantes, quando os barcos contornavam a ponta oriental de Chipre (da qual Santo André é padroeiro), onde se encontra um mosteiro em sua honra, lançavam no mar garrafas cheias de azeite que as ondas levavam até à terra, para alumiarem o santo.
8 de dezembro de 2008
A moda Santeira
Daí ser representado de acordo com estas competências - homem/santo de pouca doçura, como se vê na imagem que está na capela do Arelho e, mais ainda, no baixo-relevo, em pedra, que encima a fachada exterior desta mesma capelinha.
Imagem daqui: http://www.pbase.com/image/93716196
Vestido de vermelho, barbudo, olhando severamente o horizonte.
Foto de Teresa Perdigão
Porém, em meados do século XX, os santeiros alegraram-lhe o rosto e amenizaram-lhe o aspecto, aloirando-o e substituindo o vermelho forte pelo rosa, como se vê no pendão.
4 de dezembro de 2008
SANTO ANDRÉ no ARELHO
SANTO ANDRÉ, padroeiro de Chipre, da Rússia e da Escócia, é-o também do Arelho (Óbidos). Se, nos Balcãs, ele é venerado porque está associado à invernia e à neve que, segundo se diz, deve fazer branquear as suas barbas, ao ARELHO ele chegou por via da pesca.
Se, nos Balcãs, o esbranquiçar das barbas é apenas uma metáfora que se associa ao envelhecimento do ano, no ARELHO e em Chipre, Santo André, pescador na vida real, transformou-se, segundo a mitologia cristã, num pescador de almas.
O ARELHO associa as duas vertentes do homem santo e pescador. Daí o seu andor ser um barco, símbolo dos que durante séculos exploraram a Lagoa de Óbidos e as salinas. Sai a 30 de Novembro a abençoar a aldeia que, até há cerca de 50 anos vivia exclusivamente da exploração da terra e da pesca. Abençoa os campos em repouso. Passa junto à enigmática Rua de Pernobes (zona agrícola) e pára solenemente, em frente à lagoa. Pára. Olha-a e não sabemos o que pensará, mas o que é importante registar é o ritual que, este ano, devido à chuva, não teve lugar. O gesto mantém-se embora já não desempenhe qualquer função porque os pescadores desapareceram e as salinas estão desactivadas. Estes resquícios de antigas práticas ajudam a construir a história das comunidades e, por isso, é importante registá-las.
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