A garganta de que S. Brás é protector ou a garganta de Gargantua é simultaneamente o lugar da palavra, o lugar da absorção dos alimentos, o lugar por onde circula o sopro vital e também o elemento que nos renvia ao lobo divino, ao homem-lobo que governa os ciclos do Tempo e as liturgias sagradas de Carnaval.
Não é por acaso que Rabelais fez vir à luz deste dia o seu Gargantua que, sem dúvida, está inscrito na tradição carnavalesca.
E não vos melindreis, ó vós que ledes,
Que nenhum mal contém, nem perversão.
É verdade que pouca perfeição
Salvo no riso, aqui podeis obter:
Outra coisa não posso oferecer,
Ao ver as aflições que nos consomem;
Antes risos que prantos descrever,
Sendo certo que rir é próprio do homem.
VIVEI ALEGRES.3 (Rabelais, 1986 p. 39)
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