Num recente noticiário, um psicólogo alegava que o presumível matador de Torres Vedras já tinha há muito comportamentos estranhos.
Os vizinhos apercebiam-se que ele era estranho - andava em carros caros. Tinha uma casa bizarra. Acompanhava com jovenzinhos. Tinha uma caterva de câmaras de segurança e visionamento à volta da casa. Publicava vídeos visionários.
Era estranho, portanto.
Os vizinhos apercebiam-se que ele era estranho - andava em carros caros. Tinha uma casa bizarra. Acompanhava com jovenzinhos. Tinha uma caterva de câmaras de segurança e visionamento à volta da casa. Publicava vídeos visionários.
Era estranho, portanto.
E nada se fazia para se descobrir a razão de tanta estranheza ou bizarria.
Há muita gente que anda em carros ricos, tanta outra que acompanha com jovens ou que publica tal género de vídeos. Não é por isso que é investigada. Na verdade, não há regras nem limites para considerarmos isto ou aquilo estranho. A indignação é que leva a classificar a coisa ou alguém de estranho.
Para mim, é estranho o que ouvi há pouco, num banco.
A menina dirigiu-se ao balcão e assegurou à funcionária que o seu cartão havia sido engolido numa máquina, quando pretendia levantar dinheiro. Os funcionários desse banco não lhe haviam restituído o cartão, por uma questão de segurança, apesar de ela se ter identificado. Enviaram-na para ali, para aquele banco que havia emitido o seu cartão. A funcionária confirmou o estranho caso desses funcionários, como normal e perfeitamente dentro das regras.
O cartão ficou automaticamente cancelado e a jovem não poderia já usá-lo, apesar da razão do engolimento ser da responsabilidade de uma inesperada avaria da máquina. Teria, pois, de fazer o levantamento naquele banco onde eu estava e, inevitavelmente, tive de ouvir a conversa. Mas, para isso, teria de pagar um cheque. A menina insurgiu-se e alegou a injustiça da medida. Que eram regras, contrapôs a funcionária. Que era injusto e que queria reclamar, contra argumentou a menina. E reclamou. E a funcionária chamou o gerente. E o gerente confirmou que a menina tinha de pagar o cheque porque eram as regras do banco. E a funcionária fez-lhe um certo olhar e ele olhou para a reclamação e então ele disse:”levante lá o dinheiro e pronto. Não paga nada”. E a menina recebeu o dinheiro e a funcionária disse que, então retirava a reclamação e a menina disse que não, que não retirava, que mantinha. E manteve.
Pareceu-me estranho este olhar entre funcionária e gerente e muito mais estranha, a decisão do gerente, infringindo as regras do banco. Mas, o que diria o psicólogo se visse a forma solícita como a funcionária passou a tratar a menina e o desejo estampado no rosto e no gesto das mãos que se preparavam para rasgar a queixa da cliente?
É, pelo menos, estranho. Investigue-se por que razão se passa tão rapidamente de um comportamento inserido nas regras de bem-fazer, para as regras de bem atender os clientes.
Há muita gente que anda em carros ricos, tanta outra que acompanha com jovens ou que publica tal género de vídeos. Não é por isso que é investigada. Na verdade, não há regras nem limites para considerarmos isto ou aquilo estranho. A indignação é que leva a classificar a coisa ou alguém de estranho.
Para mim, é estranho o que ouvi há pouco, num banco.
A menina dirigiu-se ao balcão e assegurou à funcionária que o seu cartão havia sido engolido numa máquina, quando pretendia levantar dinheiro. Os funcionários desse banco não lhe haviam restituído o cartão, por uma questão de segurança, apesar de ela se ter identificado. Enviaram-na para ali, para aquele banco que havia emitido o seu cartão. A funcionária confirmou o estranho caso desses funcionários, como normal e perfeitamente dentro das regras.
O cartão ficou automaticamente cancelado e a jovem não poderia já usá-lo, apesar da razão do engolimento ser da responsabilidade de uma inesperada avaria da máquina. Teria, pois, de fazer o levantamento naquele banco onde eu estava e, inevitavelmente, tive de ouvir a conversa. Mas, para isso, teria de pagar um cheque. A menina insurgiu-se e alegou a injustiça da medida. Que eram regras, contrapôs a funcionária. Que era injusto e que queria reclamar, contra argumentou a menina. E reclamou. E a funcionária chamou o gerente. E o gerente confirmou que a menina tinha de pagar o cheque porque eram as regras do banco. E a funcionária fez-lhe um certo olhar e ele olhou para a reclamação e então ele disse:”levante lá o dinheiro e pronto. Não paga nada”. E a menina recebeu o dinheiro e a funcionária disse que, então retirava a reclamação e a menina disse que não, que não retirava, que mantinha. E manteve.
Pareceu-me estranho este olhar entre funcionária e gerente e muito mais estranha, a decisão do gerente, infringindo as regras do banco. Mas, o que diria o psicólogo se visse a forma solícita como a funcionária passou a tratar a menina e o desejo estampado no rosto e no gesto das mãos que se preparavam para rasgar a queixa da cliente?
É, pelo menos, estranho. Investigue-se por que razão se passa tão rapidamente de um comportamento inserido nas regras de bem-fazer, para as regras de bem atender os clientes.
2 comentários:
uma boa questão, Teresa, sem dúvida...
beijinho
Atrasada nas minhas leituras bloguísticas, venho aqui dizer apenas que tens muita razão: é muito, muito estranho. E isto é que devia ser investigado, porque as regras nos bancos (e em tantos outros sítios) são umas para uns e outras para outros...
Muitos beijinhos!
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