14 de dezembro de 2008

Saturnais, Solstício e Festa

As ruas da cidade estão semeadas de árvores de Natal, os cidadãos correm de loja em loja, enchem as pastelarias com pedidos de bolo-rei, atarefam-se na compra de musgo, azevinho e outras ramagens verdes e vermelhas, vestem-se de Pai Natal, antecipando o Carnaval e todos, todos nós, nos sujeitamos ao entoar permanente de anjinhos esvoaçando melodias natalícias que os nosso ouvidos não podem espantar para mais longe porque a oferta é democrática: para todos igualmente!
Já na Carta 18, de Cartas a Lucílio, Séneca aludia aos excessos dos festejos:"Estamos em Dezembro: a cidade está coberta de suor! A ostentação desregrada invadiu toda a vida colectiva. Fazem-se estrepitosamente enormes preparativos, como se existisse alguma diferença entre o período das Saturnais e os dias úteis. O facto é que não há qualquer diferença, e por isso mesmo acho que tem toda a razão quem afirma que se Dezembro em tempos foi um mês, agora é um ano inteiro".

O frenesim, mantem-se, 2000 anos passados e a ostentação desregrada de que fala Séneca continua visível, mesmo em tempos de proclamada crise. Afinal de contas, festa é festa, não é assim?
Séneca, Cartas a Lucílio, Tradução de J.A. Segurado Campos, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
Agradeço esta dica à Senhora Sócrates:

1 comentário:

Xantipa disse...

Minha Querida,
As nossas conversas são sempre estimulantes!
És uma amiga fabulosa!
Obrigada!
Beijinhos
(Obviamente que este ataque público de amizade e ternura por ti não foi devido à referência ao blogue, claro. Mas obrigada, pois então!)
:)
(E faz favor de aprovar este comentário. Que não te dê um ataque de modéstia! Mereces todos os mimos que os amigos que queiram dar!)
:)