Esta foto de Ivan Nunes vem mesmo a propósito da transcrição que faço de Patrícia Goldey in Rituais de Morte no Portugal Contemporâneo, pg.101.
«Embora muitos rituais comunitários tivessem desaparecido com ou sem a intervenção da Igreja, as pessoas ainda comemoram os mortos diariamente; há as alminhas -pequenos nichos pintados - e cada vez que uma pessoa passa por elas deve dizer um Padre-Nosso pelas almas do Purgatório; os cruzeiros e calvários que também evocam diariamente a morte, embora também tenham um significado político - a cruz no cimo do pelourinho define os limites do poder judicial, o território de uma igreja ou os limites de uma paróquia.
Os montículos de pedras nas collinas ou á beira da estrada sáo aí colocados, pera a pedra, por pessoas que passam e que oram por alguém que morreu num acidente ou de morte violenta. (...)
Deste modo, os habitantes das aldeias têm, no meio em que trabalham, elementos que os fazem evocar diariamente a morte.»
Na verdade, a morte, na aldeia, é vivida de uma forma mais próxima do quotidiano, do que nas cidades, onde se oculta cada vez mais a morte.
Agradeço ao Ivan Nunes a cedência da foto:
http://ex-ivan-nunes.blogspot.com/2008/09/um-aviso-feito-tempo.html
«Embora muitos rituais comunitários tivessem desaparecido com ou sem a intervenção da Igreja, as pessoas ainda comemoram os mortos diariamente; há as alminhas -pequenos nichos pintados - e cada vez que uma pessoa passa por elas deve dizer um Padre-Nosso pelas almas do Purgatório; os cruzeiros e calvários que também evocam diariamente a morte, embora também tenham um significado político - a cruz no cimo do pelourinho define os limites do poder judicial, o território de uma igreja ou os limites de uma paróquia.
Os montículos de pedras nas collinas ou á beira da estrada sáo aí colocados, pera a pedra, por pessoas que passam e que oram por alguém que morreu num acidente ou de morte violenta. (...)
Deste modo, os habitantes das aldeias têm, no meio em que trabalham, elementos que os fazem evocar diariamente a morte.»
Na verdade, a morte, na aldeia, é vivida de uma forma mais próxima do quotidiano, do que nas cidades, onde se oculta cada vez mais a morte.
Agradeço ao Ivan Nunes a cedência da foto:
http://ex-ivan-nunes.blogspot.com/2008/09/um-aviso-feito-tempo.html
5 comentários:
oculta e finge que se esquece, Teresa...
beijinho
Fico encantada (sim, é esse mesmo o termo, como quem me conta uma história de encantar) com os seus posts. Delicio-me em cada palavra, cada pormenor que, em alguns casos, apesar de já ter reparado que existem, sempre me perguntei a mim mesma "o que faz aquilo ali?", "qual o significado daquilo ali?".
Não tenho dúvidas que com este seu blog, Teresa, aprenderei muitíssimo acerca de todas essas minhas dúvidas que vou tendo ao longo da vida e, não só, muitas outras que não suporia.
Continue! Por favor! ;-)
Luís: Sob pena de ser demasiado redutora, em relação à excelência do livro de Edgar Morin, O Homem e a Morte, não posos deixar de transcrever esta passagem da Introdução que ele escreveu para a edição de 1976: «(...) Mas o regresso da morte é um grande acontecimento civilizacional e o problema de conviver com a morte vai inscrever-se cada vez mais profundamente no nosso viver.»
Maria: Como dizer-lhe que estou profundamente agradecida e sensibilizada com as suas palavras? Elas dão-me força para continuar. Bj
hmmm. querida Teresa
Deixei aqui um comentario (ou então pensava que sim) e não apareceu. Foi em resposta a sua que deixou em relação ao link que deixei aqui. :) Então gostava de trocar ideias o meu mail asbravas@gmail.com
um abraço
Mary
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