4 de dezembro de 2008
SANTO ANDRÉ no ARELHO
SANTO ANDRÉ, padroeiro de Chipre, da Rússia e da Escócia, é-o também do Arelho (Óbidos). Se, nos Balcãs, ele é venerado porque está associado à invernia e à neve que, segundo se diz, deve fazer branquear as suas barbas, ao ARELHO ele chegou por via da pesca.
Se, nos Balcãs, o esbranquiçar das barbas é apenas uma metáfora que se associa ao envelhecimento do ano, no ARELHO e em Chipre, Santo André, pescador na vida real, transformou-se, segundo a mitologia cristã, num pescador de almas.
O ARELHO associa as duas vertentes do homem santo e pescador. Daí o seu andor ser um barco, símbolo dos que durante séculos exploraram a Lagoa de Óbidos e as salinas. Sai a 30 de Novembro a abençoar a aldeia que, até há cerca de 50 anos vivia exclusivamente da exploração da terra e da pesca. Abençoa os campos em repouso. Passa junto à enigmática Rua de Pernobes (zona agrícola) e pára solenemente, em frente à lagoa. Pára. Olha-a e não sabemos o que pensará, mas o que é importante registar é o ritual que, este ano, devido à chuva, não teve lugar. O gesto mantém-se embora já não desempenhe qualquer função porque os pescadores desapareceram e as salinas estão desactivadas. Estes resquícios de antigas práticas ajudam a construir a história das comunidades e, por isso, é importante registá-las.
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2 comentários:
não fazia ideia que não sobrassem pescadores no Arelho, Teresa...
A relação da Lagoa com a comunidade do Arelho alterou-se consideravelmente. A pesca deixou de ser uma actividade relevante, resultante de um ciclo de empobrecimento da mesma, entre outras causas. Ainda há mariscadores a explorar os recursos da Lagoa, mas não obrigatoriamente ligados ao Arelho. Quanto às salinas, desapareceram completamente.
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