29 de dezembro de 2008
28 de dezembro de 2008
O Menino Jesus na Gracieira
A Gracieira é a única localidade da região que comemora o Natal com a festa do Menino Jesus. Faz-se uma missa e uma pequena procissão. Não há qualquer resquício que nos permita relacionar esta festa com as festividades sosticiais do ciclo natalício. Porém, o Cancioneiro Popular Português atesta a relação da vinda ao mundo de Jesus Cristo, com o ciclo solar, trazendo luz aos Homens:
Ó infante suavíssimo,
Ó meu amado Jesus,
Vinde alumiar minha alma,
Vinde dar ao mundo luz
A localidade não tem ar festivo, nem sequer as ruas estão enfeitadas. Restam as celebrações religiosas, ligadas à igreja. Esta é a imagem que está no altar-mor e que não sai na procissão. Representa o Menino Salvador do Mundo, O Menino Rei.
Esta é a imgem que sai na procissão. Ela está menos vinculada à representação simbólica do poder.
26 de dezembro de 2008
O Inverno natural
23 de dezembro de 2008
Mau augúrio...
Despedi-me com um "Bom Ano", da última visita à loja da fábrica Bordalo Pinheiro e obtive como resposta "isto está muito mal" com um triste olhar escondido no azáfama do embrulhar das prendas.
Logo a seguir veio a notícia, preto no branco, e sensacionalista: a fábrica do Zé Povinho vai fechar. Nem uma encomenda tem para Janeiro.
Foi nessa altura que comecei a pensar num recente acontecimento, passado com umas encomendas e que vou resumir, muito, mas mesmo muito resumidamente.
Uns amigos meus, que só conheceram esta loiça quando lhes ofereci uma peça de Bordalo, são, juntamente com a fábrica, os protagonistas. Diga-se que são ambos estrangeiros e que vivem há uns anos no Alentejo. Diga-se também que, de imediato procuraram na Net informação sobre esta fábrica, daí terem telefonado a pedir que lhes fizesse uma encomenda - simples e trivial. Isto passou-se em Junho/Julho de 2007. Em Setembro vieram cá e fizeram nova encomenda. Mais substancial. Cabeça de javali, lagostas, pratos ostra, taça ostra, santolas, etc, etc.
Passado um ano nenhuma das encomendas estava pronta. Diga-se que a minha passagem pela loja era constante. Acescente-se ainda que a funcionária já não sabia como calar a minha indignação. Muito gentilmente e de uma forma assaz subtil mostrava-me o livro de encomendas, dando-me a entender que eu não era uma excepção. Mas, queria eu lá saber dos outros. Eu queria era dar resposta aos meus amigos que perguntavam com insistência quando poderiam vir buscar as coisas.
Quando percebi que a encomenda só teria seguimento quando, por mero acaso, surgisse outra encomenda à qual valesse a pena responder porque substancial em número, referente à mesma peça (por exemplo, sei lá! 200 cabeças de javali...), aí sim, eu teria a sorte de ver a minha cabeça incluída (salvo seja!), fiquei de cabelos em pé e procurei instâncias superiores. Estavamos em Julho de 2008. Devido à minha insistência e quase súplica, foi-me prometido que a encomenda estaria pronta em tal data e, de facto, dias antes, recebi um telefonema a confirmar.
Dirigi-me à loja para confirmar in loco. Estavamos em Setembro de 2008.
Eles vieram no dia seguinte. Compraram o golfinho mitológico e ainda tiveram coragem para encomendar a enorme concha, tal como a que está à entrada do Casa-Museu. Mas não. Não era possível.
Desiludidos com esta impossibilidade, mas muito contentes com as peças que tinham adquirirdo, nem reclamaram por não lhes terem feito tudo o que haviam encomendado, tanto mais que fomos bem compensados pela disponibilidade da Elsa Rebelo que, competentissima e atenta, fez uma interessante visita ao Museu e forneceu imensas informações sobre as faianças.
No final, percebi que eles tinham a impressão que esta fábrica laborava na clandestinidade. Sendo algo de alta qualidade e tão interessante, porque razão não era dada a conhecer fora desta região? E mesmo aqui, quem não conhece, como pode descobrir que esta loja e esta relíquia existem?Em contrapartida, eles fizeram um trabalho de divulgação.
E eu, agora que ouvi o alarido das notícias, interrogo-me se não valerá a pena insistir com a encomenda da concha. E não posso deixar de pensar no livro de encomendas que vi na loja e que, deduzo eu, terá outras à espera que surja uma que lhes venha a calhar e as inclua. Ou... ficarão a ver navios?
21 de dezembro de 2008
O Natal já começou...
Solstício - dias maiores
20 de dezembro de 2008
Coisa boa (I)

Aos poucos vai saboreando esta COISA BOA, vai-lhe tomando o gosto e deixa-se cativar de tal maneira que nada o arranca do sofá onde se havia recostado a ver as estrelas pintadas no céu. E quando chega o lusco-fusco, quase já não há tempo para usufruir do recreio e dar balanço ao baloiço que nos faz esvoaçar pelos montes e vales dos Casais Brancos e da Navalha e quase chegar aos Casais da Capeleira.
É que está quase a chegar o Inverno. É já amanhã e a Livraria Histórias com Bicho dá-lhe as boas-vindas com um serão de contos ao frio. Sim, ao frio, debaixo do enorme e esplendoroso pinheiro do recreio. Cadeiras há 80, inscrições são 90! Eles bem avisam que já não têm cadeiras, mas as pessoas insistem e inscrevem-se com a condição de trazerem cadeira de casa, tal é o interesse por esta COISA BOA.
18 de dezembro de 2008
Sardões e Passarinhas
Transcrevo um dos seus textos:
(...) A proximidade temporal destas duas romarias, (Nª Sr.ª da Conceição e Santa Luzia), e a sua localização num período de suspensão das actividades laborais, entenda-se, das grandes fainas agrícolas, propiciam o encontro, a troca de afectos, de mensagens, designadamente entre os jovens. Os doces de romarias são iguarias recorrentes nestas festas. A oferta de presentes, sob a forma de doces é um acto de significativa importância, sobretudo entre os jovens em idade de namoro. Oferecem-se doces com formas muito diversas: Dos vários doces que se encontram nestas romarias, os sardões e as passarinhas são os mais procurados. Moldados em farinha de cevada e com cobertura de açúcar, os doces, devidamente acondicionados em caixinhas algodoadas, ou muito simplesmente embrulhados em papel de jornal, conforme a sensibilidade... da carteira, constituíam um precioso presente gerador de muitas energias amorosas. Os rapazes, contam os mais idosos, oferecem doces às raparigas na festa da Senhora da Conceição – os «sardões». Na festa de Santa Luzia faz-se a retribuição da dádiva: as raparigas oferecem um presente equivalente – as «passarinhas». A escolha da forma destes presentes relaciona-se com as superstições e crenças populares sobre os animais: a serpente aparece como aliada das mulheres, e inimiga dos homens, atacando-os quando estão a dormir. O defensor do homem é o lagarto. No imaginário popular a identificação homem-lagarto e serpente-mulher vê-se reproduzida nas histórias de mouros (mouros em forma de lagartos e mouras em forma de serpentes) e na superstições (as mulheres de saias não devem passar por sítios onde estão lagartos porque estes sobem-lhe pelas pernas...).O excesso permitido, a transgressão, o paroxismo social de renovação e purificação, a alternância do tempo real quotidiano e o tempo intemporal são componentes recorrentes de todas as festividades e que nas romarias da Sra. da Conceição e Santa Luzia têm grande expressão.
17 de dezembro de 2008
Sagradas Mudanças
16 de dezembro de 2008
A Fogo, o Sol e Luzia
Santa Luzia na Usseira (Óbidos)
14 de dezembro de 2008
Saturnais, Solstício e Festa
Já na Carta 18, de Cartas a Lucílio, Séneca aludia aos excessos dos festejos:"Estamos em Dezembro: a cidade está coberta de suor! A ostentação desregrada invadiu toda a vida colectiva. Fazem-se estrepitosamente enormes preparativos, como se existisse alguma diferença entre o período das Saturnais e os dias úteis. O facto é que não há qualquer diferença, e por isso mesmo acho que tem toda a razão quem afirma que se Dezembro em tempos foi um mês, agora é um ano inteiro".
13 de dezembro de 2008
Sol, Santa Luzia e Capões


12 de dezembro de 2008
Santo André, a Água e o Azeite. E Vénus

Não faltam as feiras de Santo André, também elas, junto à água, como a de Mesão Frio, de frente para o Douro.
Como este santo era pescador, na Galileia, passou a ser associado também a quem anda e trabalha no mar, nos rios ou nas lagoas. Curiosamente é este mesmo atributo que o faz estar ligado à expressão mar de azeite, que pretende enunciar um mar calmo, calmíssimo. E como é que ele passa da água, para o azeite, elementos que jamais se misturam e confundem? Precisamente porque dantes, quando os barcos contornavam a ponta oriental de Chipre (da qual Santo André é padroeiro), onde se encontra um mosteiro em sua honra, lançavam no mar garrafas cheias de azeite que as ondas levavam até à terra, para alumiarem o santo.
8 de dezembro de 2008
A moda Santeira
Daí ser representado de acordo com estas competências - homem/santo de pouca doçura, como se vê na imagem que está na capela do Arelho e, mais ainda, no baixo-relevo, em pedra, que encima a fachada exterior desta mesma capelinha.
Imagem daqui: http://www.pbase.com/image/93716196
Vestido de vermelho, barbudo, olhando severamente o horizonte.
Foto de Teresa Perdigão
Porém, em meados do século XX, os santeiros alegraram-lhe o rosto e amenizaram-lhe o aspecto, aloirando-o e substituindo o vermelho forte pelo rosa, como se vê no pendão.
4 de dezembro de 2008
SANTO ANDRÉ no ARELHO
SANTO ANDRÉ, padroeiro de Chipre, da Rússia e da Escócia, é-o também do Arelho (Óbidos). Se, nos Balcãs, ele é venerado porque está associado à invernia e à neve que, segundo se diz, deve fazer branquear as suas barbas, ao ARELHO ele chegou por via da pesca.
Se, nos Balcãs, o esbranquiçar das barbas é apenas uma metáfora que se associa ao envelhecimento do ano, no ARELHO e em Chipre, Santo André, pescador na vida real, transformou-se, segundo a mitologia cristã, num pescador de almas.
O ARELHO associa as duas vertentes do homem santo e pescador. Daí o seu andor ser um barco, símbolo dos que durante séculos exploraram a Lagoa de Óbidos e as salinas. Sai a 30 de Novembro a abençoar a aldeia que, até há cerca de 50 anos vivia exclusivamente da exploração da terra e da pesca. Abençoa os campos em repouso. Passa junto à enigmática Rua de Pernobes (zona agrícola) e pára solenemente, em frente à lagoa. Pára. Olha-a e não sabemos o que pensará, mas o que é importante registar é o ritual que, este ano, devido à chuva, não teve lugar. O gesto mantém-se embora já não desempenhe qualquer função porque os pescadores desapareceram e as salinas estão desactivadas. Estes resquícios de antigas práticas ajudam a construir a história das comunidades e, por isso, é importante registá-las.
22 de novembro de 2008
Cobras e lagartos
Estes animais estão especialmente ligados à tradição popular. O lagarto ou sardão é considerado amigo do homem, enquanto a cobra se inclina mais para a mulher. Ambos têm faculdades divinatórias. As rãs são consideradas animais lunares. Propiciam a chuva e a fertilidade. Nos contos tradicionais aparecem às mulheres que não podem ter filhos.
O lagarto tem a particularidade de entrar em várias rezas que afastam mazelas como papeira, sezões, dores de dentes, névoa nos olhos ou para quando se apanha veneno de animal, e, quem sabe? de algum sádico:
Aranha, aranhão,
Cobra, cobrão,
Sapo, sapão,
Lagarto, lagartão,
Eu te talho,
A cabeça, o rabo e o coração,
Bicho de maldição!
20 de novembro de 2008
Maria Paciência, Bordalo e Isabel Castanheira autores de O Parque das Caldas da Rainha
Foto de Margarida Araújo
A Isabel travestiu-se de Maria Paciência e procurou Bordalo pelos sítios onde ele sempre se perdia, observando, escrevendo, desenhando, modelando. E depois, juntou-se aos dois e criou o artifício de fantasiar a escrita de um livro sobre o parque das Caldas. Fez-nos viajar pelo lago, pelo clube, pelo coreto, enfim, por sítios que hoje já fazem parte da nossa memória, uns desaparecidos, outros transformados.Não foi só a técnica da apresentação que prendeu os assistentes, sim de tão apelativa que estava, com bonecos a mexerem-se em todo o écran ou Maria Paciência e Bordalo armados em protagonistas, esvoaçando, correndo, mergulhando em folhas e folhas que se sucediam no écran.
Foi também ela, os gestos e o olhar que denunciaram a paixão com que nos ensina Bordalo.
E assim, como diz Isabel, lembrando-o e divulgando-o, ele não morrerá, mesmo que seja maltratado ou pouco bem tratado por alguns.
Isabel Castanheira
Para quem não sabe quem é, para os que estão longe das actividades culturais caldenses, a Isabel da 107, como é conhecida; 107 é o seu tesouro e a nossa livraria, é uma amante e divulgadora de livros. Organiza serões onde nos dá a conhecer autores e vidas de livros. Tem uma livraria que nos convoca permanentemente para celebrarmos datas e dias, sempre servidos de beijinhos das Caldas e outras coisas boas.
A Isabel é também uma amante e especialista de Bordalo. Fala dele como se fala de um grande amigo e hoje até quer partilhar os caminhos que ambos palmilharam, com a comunidade caldense.
18 de novembro de 2008
Ter Nome é SER
A piedade dos devotos deu à Virgem neste lugar o título de Nossa Senhora da Luz, diz a lenda escrita. Sem os nomes, a Senhora nunca poderia ser nomeada nem venerada. E Catarina nunca teria sido conhecida, lembrada e designada como aquela a quem a Senhora concedeu o dom de A ver.
De facto, como diz Almada Negreiros em Nome de Guerra, "proceder como anónimo é contra as regras do jogo". E, como diz Ana Paula Guimarães: ... a integração social pressupõe a necessidade de um nome, civilmente o ser só existe depois do nome dado, como se fosse ele a fecundar o homem de sociabilidade, a ligá-lo a uma memória e a organizar a existência humana numa teia de relações.
Porque o nome é a garantia de que se é, entre o acto de nascer e o acto de dar o nome, a muitas crianças era emprestado o nome de Custódio (a), como o anjo da guarda. Era uma forma de as proteger da errância e, em caso de morte, de as livrar do limbo.
Todas estas reflexões a propósito da leitura de NÓS DE VOZES - Acerca da Tradição Popular Portuguesa - Nós e os nomes (pg.19-33) de Ana Paula Guimarães.


17 de novembro de 2008
Fonte Santa
16 de novembro de 2008
16 e 17 de Novembro em Porto de Linhares (Cós)
Porto de Linhares - Igreja da senhora da Luz - séc.XVII - Novembro 2008
Diz a lenda: Andava uma pobre velhinha a apanhar lenha, no que seria um enorme bosque, nos inícios do século XVII, num lugar designado por Vale de Deus, para os lados de Cós (Alcobaça), quando uma bela Senhora lhe apareceu a querer ajudá-la. Surpreendida, a dita aldeã recusou. Noutra ocasião,a Senhora voltou e insistiu, mas sem resultado. Insistiu ainda uma terceira vez mas, mudando de táctica, disse: "Catarina, segue-me. Encontrarás a tua chave". Mais espantada ainda ficou a velhinha, pois não havia confessado a ninguém como a apoquentava o facto de ter perdido a chave. Aceitou a sugestão e foi. Aparecida a chave, pediu-lhe a Senhora que escavasse um buraco na terra, ao que a mulher acedeu. Para grande surpresa, daí jorrou uma bica de água. "Vai e diz ao povo que aqui encontrará a cura para os seus achaques". E assim se cumpriu a vontade da Senhora. As curas multiplicaram-se.
Entretanto a fonte quase caíu no esquecimento. Pelo menos, está ao abandono, mas, graças à edificação de uma igreja, muito perto do local das aparições, o sítio é visitado anualmente, a 16 e 17 de Novembro, para homenagear Nossa Senhora da Luz. A data não deixa dúvidas da relação deste culto com antiquíssimos cultos à lua e a Isis, de quem já falámos aqui. Não era só na Primavera que se festejava o renascimento de Adónis, ou Tamouze ou Osíris. Também nesta época se festejava o encontro do corpo de Osíris, pela deusa Isís, aquando da descida aos infernos ou ao interior da terra. O filho simbolizava a semente que fecundaria a Terra, enquanto ela simbolizava a Lua e era festejada a 16/17 de Novembro, dia em que a tal senhora apareceu a Catarina Annes... dizem!
Na realidade, Frei Agostinho de Santa Maria diz que foi em Junho que tal aparição se deu. Mas isto de datas e de lendas nada é certo!
Constata-se, hoje, que o santuário é lugar de romaria de gentes da região e especialmente de nazarenas.
Dentro da Igreja - Novembro 2008
11 de novembro de 2008
Em dia de S: MARTINHO, Lume, Castanhas e Vinho
5 de novembro de 2008
DIA de TODOS-OS-SANTOS III
1 de novembro de 2008
Doa de TODOS-OS-SANTOS - II
Foto in Carvalhal e... peras - Viagens por Memórias e Paisagens
Dia de TODOS-OS-SANTOS - I
CARVALHAL e DURRUIVOS (Bombarral)
Salta-me à lembrança o dia de Todos-os-Santos, em que, logo de manhã cedo, a garotada começava afluindo à porta da Ti Maria Rosa, com o saquitel na mão, para o Pão-por-Deus. Na véspera havia ali sempre grande azáfama, até alta noite. O forno acendia-se mais que uma vez, para cozer o pão, para abrir pinhas e pinhões e ainda para torrar pevides. Lá ficavam depois, dentro dele, sobrepostas em alcarruma os ramais de fruta branca às talhadas de pêro e de maçã.
Quando éramos pequenos, eu e minha irmã, também tivemos nalguns anos licença para ir ao Pão-por-Deus, mas só a casa da tia Maria Rosa. Nem a qualquer outra poderíamos ir em seguida, porque os nossos saquitos enchiam-se logo ali com toda a casta de guloseimas, desde as pinhas todas abertas a mostrar os pinhões fendidos mas ainda acasalados nos alvéolos das cascas encarquilhadas pelo calor, às cheirosas maçãs e os cachos de uvas passadas à mistura com punhados de nozes, castanhas e figos secos criados na Cerrada, na sua bela propriedade, onde havia de tudo – até cortiços com mel, guardados por diligentíssimas abelhas sempre dispostas a aplicar pontas de fogo em quem as incomodasse.
Júlio César Machado in Ecos do Bombarral, 20 Maio de 1956, nº 28
28 de outubro de 2008
Dr. MÁRIO GONÇALVES - CIDADÃO DE SEMPRE
Muitos amigos participaram nesta merecedissima homenagem. Alguns elogiaram o seu profissionalismo, humanismo e dedicação à cidade das Caldas.
Isabel Xavier, Presidente do PH (Associação Património Histórico) terminou a sua intervenção com una frase que resume duas das suas facetas: Profissional do ano, CIDADÃO DE SEMPRE!
18 de outubro de 2008
O SEGREDO... no DOCLISBOA
No filme O SEGREDO de Edgar Feldman, Dias Lourenço conta, na primeira pessoa, como organizou a fuga do forte de Peniche. Com humor, como se 18 anos de cárcere, não lhe pesassem no corpo já experiente de 94 anos, relata, in situ, como foi possível planear fuga tão corajosa.
17 de outubro de 2008
RENDEIRAS PREMIADAS
15 de outubro de 2008
13 de outubro de 2008
TERRINA DE BORDALO abre filme
A mestria da Teresa Tomé, realizadora da série de filmes ILHAS MÍTICAS, deu-lhe vida e transformou-a num quase montro que, deslocando-se pelo écran, abrindo e fechando a bocarra, parece querer devorar o planeta.
Clique sobre a imagem e verá como a terrina se faz monstro!!!
12 de outubro de 2008
ILHAS MÍTICAS
Antonieta Costa une fios tecidos ao longo de milénios, vai a diferentes locais da Europa e do nosso país, buscar pontas que o tempo desfez e une-as, com sabedoria, rigor e clareza.
Sei que é o terminus de um projecto que durou anos a concretizar, não só pela sua grandeza, mas também porque as entidades que deveriam apoiá-lo, se mostraram descrentes. Mas ele aí está. Em breve disponível para o grande público, num pacote de 5 filmes, por 30€.
Parabéns à persistência da Antonieta (autora da ideia, da investigação e do texto) e da Teresa Tomé (câmara/reallizadora/técnica de montagem).
9 de outubro de 2008
OS AÇORES EM MOSCOVO E LISBOA
Organizou-os em quatro documentários subordinados ao calendário solar - soltícios e equinócios -, e mais um, cuja temática é o Oceano.
Depois de os ter apresentado, durante esta semana, no Festival Internacional de Moscovo, estará presente hoje, no Museu de Arqueologia para, pelas 18 horas, exibir o Solstício de Verão.
7 de outubro de 2008
A DANÇA DOS RITUAIS
No Cabeço das Pombas, perto de Vale Florido, concelho de Alcanena, Santa Susana, outrora homenageada no segundo fim-de-semana de Outubro, deixou de o ser. Já em 1732, o pároco havia considerado que Nossa Senhora dos Milagres deveria ter mais relevo do que a mera santinha ali cultuada. Com o tempo, fundiram-se as duas festas numa só e ainda mais com o passar do tempo, a de Santa Suzana desapareceu.
Era a protectora dos animais que iam de todas as redondezas, anualmente, em busca da bem-aventurança para os seus donos.
No topo da Serra Daire, bem longe de caminhos fáceis, ali teria estado outrora uma deusa protectora de gentes e animais.
As gentes foram desaparecendo e os animais rareando.
Restam duas pastoras. Uma delas, a Emília do Canto, guarda a chave da capelinha e dá-a aver. Lamenta que já nem missa ali haja: "é que assim, nem vontade temos de mudar de fato! Parece que nem há domingos!"
A MEMÓRIA DAS COISAS
Agora estas coisas de nada servem, dizem. Mas, os mais cuidadosos metem-nas em baús, penduram-nas a decorar adegas e tertúlias ou expoem-nas em museus etnográficos. Muitas, dada a sua inutilidade em tempo de mochilas e malas de rodinhas, vão parar ao caixote do lixo. Não foi o que aconteceu com estas, todas elas com mais de 80 anos, feitas pela avó materna da Gina, residente em Monsanto, Alcanena.
1 de outubro de 2008
29 de setembro de 2008
DIAS de MELO (+1)
«Ouvi gentes do mar que me falaram do mar e da terra, ouvi gentes da terra que me falaram da terra e do mar (...) Falaram-me da vida, delas e da comunidade, contaram-me contos, disseram-me versos (...). Optei por reunir neste Livro as histórias que ouvi e os diálogos que mantive com gentes predominantemente do mar - baleeiros, pescadores, marinheiros dos iates, das lanchas de tr[afico local, dos chamados barcos do Pico, das traineiras da pesca da albacora - (...) mais do que eu, os verdadeiros autores deste livro, (...) são eles, esses homens e essas mulheres do povo da minha Ilha.»
Dias de Melo in Na Memória das Gentes
DIAS DE MELO (+1)
Só o amor pelo mar e pelas gentes do mar o incitou a fugir à vigilância materna num bote baleeiro, aos 10 anos.
O mar foi sempre uma tentação. O mar e as gentes do mar. Sobre eles escreveu a vida inteira. Sobre eles e com eles falou a vida inteira.
A sua obra é incontornável para o conhecimento da ilha do Pico e da história da baleação.
Fez dos seus livros, NA MEMÓRIA DAS GENTES, uma arca preciosa de saberes e afectos. Aí registou estórias, narrativas e conversas que teve com as pessoas num trabalho que o levou a calcorrear todos os caminhos da ilha.
25 de setembro de 2008
O ESCRITOR BALEEIRO
Não resisti a saber quem era. Uma jovem aí presente, saíu da pequena Casa/Museu e, solicita e entusiasmada, apontou para o alto da escarpa e informou-me que a casinha minúscula que se via no topo era dele, do tal escritor baleeiro.
Não resisti a subir! Lá no alto, um lápide, esclarecia:
Cheirou-me a beleza e simplicidade.
Subi umas escadinhas caiadas de branco, bati e ouvi de imediato um "entre".
O homem estava numa salinha pequenina, rodeado de livros e fotos. Estava secrevendo. Interrompeu. Foi assim que iniciámos uma conversa que se transformou numa profunda amizade, que as cartas, conversas e frequentes encontros reforçaram.
Foi assim que conheci DIAS DE MELO, o escritor baleeiro, que ontem nos deixou.
Folheio, agora, o dossier onde guardo a sua correspondência e leio, e divulgo:
«... hoje estou como que morto e, e não fosse este empenho em escrever-lhe, com certeza ficaria o dia todo na cama a apodrecer.
... passamos a vida toda a escrever um livro... e outro... e outro... e mais outro... e outro ainda... E, afinal, é sempre o mesmo livro que estamos e nunca mais acabamos de escrever. Ia a dizer: acabamos: com a morte. Nem assim, pois que o grande livro nem o chegamos a começar.
Ou começamo-lo e acabamo-lo? Sim. Talvez. Se considerarmos que o único livro que escrevemos é a própria vida que vivemos.
Não estou a dizer nada de novo. Se não estou em erro, já o que acabo de proferir o li, não me recordo é em quem. Que há tabém uma outra grande verdade, penso que também a li em qualquer sítio (ou nem uma nem outra a li nem ouvi?), é isto:
Há coisas que, mesmo que venham doutros, nós só as alcançamos quando a elas chegamos pelos nossos próprios meios, ou em resultado da nossa própria experiência e, neste caso, podemos chamar-lhes nossas.» (24-02-2002)
Tantas lições recebi de ti, DIAS de MELO , tantas. Não vou esquecê-las. Não te esquecerei. Há pouco tempo passei pela tua casa do Pico. Parei. Passeei-me no pequeno quintal e fotografei-a:
24 de setembro de 2008
A propósito de vindimas
20 de setembro de 2008
VOU LER ...
16 de setembro de 2008
Pela estrada fora ...

«Embora muitos rituais comunitários tivessem desaparecido com ou sem a intervenção da Igreja, as pessoas ainda comemoram os mortos diariamente; há as alminhas -pequenos nichos pintados - e cada vez que uma pessoa passa por elas deve dizer um Padre-Nosso pelas almas do Purgatório; os cruzeiros e calvários que também evocam diariamente a morte, embora também tenham um significado político - a cruz no cimo do pelourinho define os limites do poder judicial, o território de uma igreja ou os limites de uma paróquia.
Os montículos de pedras nas collinas ou á beira da estrada sáo aí colocados, pera a pedra, por pessoas que passam e que oram por alguém que morreu num acidente ou de morte violenta. (...)
Deste modo, os habitantes das aldeias têm, no meio em que trabalham, elementos que os fazem evocar diariamente a morte.»
Na verdade, a morte, na aldeia, é vivida de uma forma mais próxima do quotidiano, do que nas cidades, onde se oculta cada vez mais a morte.
Agradeço ao Ivan Nunes a cedência da foto:
http://ex-ivan-nunes.blogspot.com/2008/09/um-aviso-feito-tempo.html
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